sexta-feira, 29 de maio de 2009

Chamamos sempre de Ilha do amor




De um lado, 45 km de rio, do outro são 42 km de praias de areia dourada, um mar de ondas médias e água morna. Quando a maré baixa formam-se piscinas rasas na areia da praia fazendo a alegria da garotada.
A poucos quilômetros do Oceano Atlântico, o Rio São Mateus, no município homônimo, divide-se em dois braços. Para o norte segue o Rio Cricaré, que foi palco da morte de Fernão de Sá, filho de Men de Sá, em 1558, pelos índios Aimorés; mais largo e curto, alcança o mar a cerca de 17 Km, onde está a cidade de Conceição da Barra; para o sul segue o Rio Mariricu, mais estreito e longo, desaguando a cerca de 28 Km num estuário, junto à Barra-Nova, uma pequena vila de pescadores. Ao alcançar o mar, os dois braços formam a Ilha de Guriri, no Estado do Espírito Santo, Sudeste do Brasil.
Os mangues circundam as duas barras fartos de vida atraindo peixes e pássaros. Uma mata ciliar litorânea com árvores pequenas margeia a maior parte dos rios no restante de sua extensão; o interior da ilha e áreas próximas ao mar são cobertos por restingas onde os pássaros cantam livremente. É um paraíso tropical de 55 km2 cuja paz somente é quebrada no Ano Novo, quando os trios elétricos tomam conta das ruas do centro do bairro de Guriri num carnaval que, praticamente, só acaba na Quarta-feira de cinzas, quando tudo fica calmo outra vez. São praticamente dois meses de folia, por sorte, para quem quer descansar, restrita ao centro do bairro. À noite, aos finais de semana no verão dança-se na rua com os trios elétricos e nos bares com música ao vivo ao ritmo do axé e do pagode; são os pontos de encontro e da paquera que se mantém abertos até o amanhecer; no restante do ano, somente os trios elétricos não são presentes e alguns bares fecham as portas.
As atrações do lugar incluem, além das duas barras, a praia, coqueirais, bosques e refúgios à beira dos rios, pequenos povoados com gente típica, barzinhos e restaurantes junto aos rios ou à praia onde se pode provar delícias locais como caranguejos cozidos, pescadinha frita, moqueca de robalo, camarões de todos os tipos e tamanhos e os mais variados caldos. Durante o verão, na pracinha do centro do bairro, assiste-se a shows de capoeira, bandas musicais e concursos de beleza. O nascer do sol é sempre um espetáculo e pela manhã, bem cedo, os pescadores preparam suas redes e enfrentam as ondas em suas pequenas canoas. Mais tarde eles retornam com pescadinhas, sardas, cações, arraias e bagres. Quem for à Barra Nova, por uma estrada estreita de terra, a 27 Km do centro do bairro, verá uma das mais belas paisagens locais, além de apreciar, na maré cheia pela manhã, a saída das traineiras para o mar e, no meio da tarde, o seu retorno. Se você for mais afoito poderá alugar uma traineira e participar da pescaria que inclui o arrasto para apanhar camarões e pequenos peixes que servem de isca para fisgar sardas, bijupirás, dorminhocos e camurupins; é um dia de aventuras e fartura de peixes e, às vezes, mareação, pois nem tudo é perfeito. Se o seu espírito de aventura for menor, pode alugar um caiaque e remar pelo estuário. Ao cair da tarde sentado num dos bares às margens do Rio Mariricu assiste-se ao segundo show diário do sol ao se pôr, pois aqui o céu quase sempre tem poucas nuvens que se enchem de cores. Além disso, poderá arriscar-se a lançar no rio um anzol com isca de camarão vivo ou manjuba e, com sorte, apanhar um robalo quando a maré estiver subindo.

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